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Carta de uma Esposa para um Marido Alcoolatra

Atualizado: 11 de jun.





Você chegou com aquele jeito meio tímido e com tanta certeza no olhar que me convenceu a ficar, parecia tão confiante e fazia tudo por mim mesmo sem eu nunca pedir. Me sentia tão protegida perto de você, como se eu pudesse fazer tudo, eu era invencível.


Nós dois éramos felizes não é mesmo? Dois jovens apaixonados prontos para vencer qualquer desafio.


Um dia algo aconteceu, você ficou diferente, começou a me policiar de uma forma rigorosa, achei que era uma fase, engano meu, tentei me prender nos momentos felizes, naqueles que estávamos só nós dois.

Acreditei que se eu ficasse com você longe de todos poderíamos continuar sendo um casal feliz.


Hoje vejo que menti para mim mesma.


Quando tentei ir embora, já era tarde. Você disse que ia se matar e eu... a única coisa que eu queria era você de volta, aquele cara por quem me apaixonei.


Decidi ficar. Disse "sim" no altar, na esperança que se morássemos longe, tudo daria certo.

E foi bom, muito bom por um tempo, até eu perceber que o problema não era as pessoas, mas sim a bebida.


Agora não era apenas nós dois, e sim três, "que maravilhoso", pensei.


Mas, nunca me senti tão sozinha em toda minha vida. Vi você na sua vida, vivendo cada dia como se a única coisa que precisasse fosse pagar as contas, como se ser um marido fosse me sustentar, como se ser um pai fosse comprar fraldas.


Não consegui pedir ajuda, mais uma vez, fracassei, mais uma vez tive a esperança e mais uma vez sozinha.


Aquele dia você chegou, não lembro nem como começou, me tranquei no quarto porque estava morrendo de medo, e você quebrou a porta, você entrou com um olhar de demônio, veio até minha direção, me encolhi e protegi nosso filho nos meus braços. Me lembro de ter implorado para Deus," tire ele daqui não deixe que ele faça algo com meu filho, como vou proteger meu bebe"


Ficou ali parado gritando e eu apenas rezando em pensamento, foram apenas alguns segundo que parecia uma eternidade.


Não sei se você lembra disso, não sei se você se arrependeu ou pensou "agora ela sabe quem manda".


Só sei que desse dia em diante, me calei.


O consumo do álcool foi aumentando, uma festa, um encontro de família, apenas uma latinha após o serviço. A família cresceu, e agradeço a Deus por isso, porque foram esses pedacinhos de gente que fez eu ficar distraída por tanto tempo.


Voltamos para onde nunca deveríamos ter voltado. Você abandonou a mim de vez, e aos seus filhos também. Era rara as vezes que víamos você sóbrio, já estava bem perto de se tornar um alcoólatra, aprendi a fazer as crianças a ficarem caladas assim como eu, para evitar uma desgraça.


Eu me culpo por isso, devia ter dito algo, devia ter ido embora.


Anos se passaram, e aprendi da pior forma que o que fiz destruiu minha família. Eles não são mais crianças, eles enxergam o que escondi todo esse tempo.


E a única coisa que me restou foi aceitar, aceitar o que aconteceu, aceitar o que esta por vir. Irei aceitar de cabeça em erguida, mas dessa vez não vou mais ficar calada.

Não posso jogar a culpa toda em você, sei que tive minha parcela de culpa também


Mas, quero concertar isso, e você devia fazer o mesmo.


P.S. Eu Te Amo



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A bebida entra nas famílias como algo inofensivo, difícil saber bem quando começa.

Mas, ela sempre chega como uma fuga, esquecer um dia dificil, uma magoa, um pouco para o estresse.... e assim vai.

Se você acredita que está afogando suas emoções e pensamentos em copos no bar, procure por uma terapia.

Sua história pode ser diferente


Natália Oliveira - Terapeuta







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