Compreendi como toda a dinâmica da minha familia tinha me afetado.
Desde que me lembro, meu pai sempre foi uma figura rígida e controlador. Na minha infância, eu vivia com medo de decepcioná-lo. Ele gostava de dizer para todos que eu era a filha exemplar, aquela que sempre obedecia e nunca saía da linha. O que ele não percebia era que meu comportamento era movido pelo medo, não por respeito ou admiração.
Quando entrei na adolescência, comecei a me questionar e não aceitava mais suas regras de forma passiva. Isso fez com que nossas discussões aumentassem, gerando um desgaste profundo em nossa relação. Embora nunca tivesse sido física, a violência emocional deixava marcas difíceis de apagar.
Meu pai representava tudo o que eu não queria em um relacionamento. Ele desrespeitava mulheres, acreditava que nossa função era limitada ao lar, enquanto meu irmão tinha toda a liberdade. Aos poucos, a convivência com ele se tornou insuportável.
Quando me tornei adulta, decidi me afastar da minha família. Mesmo sendo uma decisão necessária, o distanciamento me trouxe um vazio. Faltava o apoio familiar e, principalmente, a relação que nunca tive com meu pai.
Foi nesse momento que iniciei as sessões de TRG. O processo me fez revisitar as memórias mais dolorosas da minha infância e adolescência, aquelas marcadas pela frieza, os desentendimentos e a ausência de carinho. Com o reprocessamento, tudo ficou mais claro. Entendi como essa dinâmica familiar moldou minha vida. Decidi que queria tentar reconstruir o que fosse possível. Surpreendentemente, meu relacionamento com meu pai começou a melhorar. Aos poucos, conseguimos criar uma nova relação, baseada no diálogo e na compreensão.
Hoje, nosso convívio é leve. O peso que eu carregava se dissipou, e o ressentimento deu lugar à empatia.
Eu já tinha muitas conquistas na vida – uma carreira de sucesso, estabilidade financeira e um relacionamento saudável – mas o vazio da minha relação familiar permanecia. Com a TRG, consegui preencher essa lacuna, restaurando minha paz e o equilíbrio familiar que nunca imaginei alcançar.
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